Eu tenho uma relação muito forte com música. Como ouvinte! Não, não sou cantora, nem sequer toco algum instrumento musical (ainda não). Mas minha estrada é marcada por muitas, muitas músicas. E para você que também gosta de música, gostaria que você soubesse como pode usá-la a seu favor.
A música não serve apenas para você colocar em uma festa para se divertir com amigos ou para chorar as dores de um amor que se acabou. Ela leva você a um estado mental. Como assim? Você já percebeu que tem música que deixa você mais animada, outra mais calma, outra mais triste? Então, quando você precisar mudar seu estado mental, use a música.
Você já parou para pensar no porquê de chorar em alguns filmes ou ficar com mais medo em filmes de terror? Não é só pelo que você está vendo. A trilha sonora influencia muito nisso. Mesmo sons muitas vezes sutis nos “tocam”. Quem nunca ouviu a expressão “a música toca a alma”? A ideia é essa.
Essa relação com a música ficou mais clara para mim, quando percebi como eu vinha organizando minhas playlists. Muitos organizam por artista ou por gênero musical: clássica, rock, samba, MPB, etc. Intuitivamente, fui percebendo que eu organizava pela “funcionalidade” da música: para relaxar, animar, concentrar-se, dançar, etc. E a playlist da faxina, você tem essa? A da academia, a da meditação? Viu, como é assim que funciona?
Mas não vamos esquecer o outro lado da moeda, viu? Há músicas que não nos fazem bem, remetem a pessoas ou momentos de que não gostaríamos de lembrar, trazem emoções negativas. Não deixe essas músicas na sua playlist!
Então, como eu faço? Como eu fiz para usar a música a meu favor? Vamos ao passo a passo.
1) Defina e nomeie as playlists de interesse. Quero uma para estudar, outra para ajudar a dormir, outra para ouvir quando acordar desanimada, outra para fazer atividade física e por aí vai. Depois dê um nome a cada uma delas.
2) Ouça, sinta e categorize. Não precisa você fazer as playlists de uma só vez. Nem recomendo. Vá construindo aos poucos. O bom mesmo é você ouvir uma música de repente, parar, sentir e chegar à conclusão: essa música me faz sentir… paz, tranquilidade, sono, disposição, ânimo, vontade de cantar, de dançar? Feito isso, vá colocando-as nas categorias adequadas. Como falei, não precisa fazer isso de uma vez. Tenha o hábito de fazer constantemente. Está no carro, ouviu uma música que trouxe uma emoção? Qual? Anote e coloque na playlist referente. Outra opção muito agradável é pegar um domingo, entrar no Spotify ou YouTube, pesquisar um artista de que goste, ouvir uma música e, a partir da primeira, o próprio App já sugere outras semelhantes. É uma delícia fazer isso. Diria até uma terapia. E assim você vai montando suas playlists de interesse.
3) Remova as músicas que não estão funcionando. À medida que você começar a utilizar as playlists vai perceber que algumas vezes vai tocar uma música que não cumpra a função e que você vai querer passá-la. Quando perceber isso, remova essa música. Pois o objetivo é manter o estado emocional, né?
Há também a opção de encontrar playlists prontas nas plataformas digitais. Às vezes é uma boa até para você ter uma ideia. Mas eu, sinceramente, como gosto de tudo personalizado, prefiro fazer as minhas. Playlists prontas que acho que funcionam mais são aquelas para meditação, relaxamento, essas situações mais específicas mesmo.
Ah e engana-se quem pensa que para se ter um App com playlists precisa pagar, viu? Eu já usei tanto o Spotify quanto o YouTube gratuitos. Tem propaganda? Tem. Mas levava numa boa. E vale salientar que as playlists de música do YouTube destinadas a relaxamento, meditação, quase não têm propagandas. Hoje decidi pela versão paga do Spotify porque, como falei, amo música e, para mim, vale o investimento.
Uma coisa que adoro fazer no Spotify quando quero variar as músicas que ouço é escolher apenas a primeira música, na vibe que quero ouvir, e o Spotify toca outras semelhantes. Eles acertam tanto que às vezes acho até que estou ouvindo alguma das minhas playlists.
Além do tipo de música, também é bom observar o volume dela e o veículo de transmissão. Só em alterar o volume da música isso poderá levar a efeitos indesejados, às vezes até contrários do que se pretende. O volume tem que estar adequado para o que você quer. E isso varia de pessoa para pessoa. Em relação ao veículo de transmissão, o uso de fone de ouvido, em geral, permite um contato mais intenso com a música e maior abstração do que acontece ao redor. É um excelente recurso quando o objetivo é concentração e foco. Então, coloque o fone, ajuste o volume e chegue aonde deseja. A propósito, durante a quarentena de COVID-19, meu fone branco sem fio (FOTO 2) me ajudou muuuito. Com a família em casa 24 horas por dia, usar fone foi imprescindível para manter o foco e “me tirar de casa”, às vezes. Hoje tenho até um fone intra-auricular sem fio, mas uso mais fora de casa. Dentro de casa gosto mais do meu fone branco mesmo. Ainda mais porque não quero correr o risco de que os fones caiam dentro de uma panela, do vaso… pois adoro fazer as tarefas domésticas ouvindo música através dos fones. Acho que dá mais foco do que deixar o som rolando na TV.
Esse poder da música é tão validado que existe a musicoterapia, onde um profissional faz uso de música para tratar ou amenizar sintomas de doenças como: estresse, hipertensão, ansiedade, depressão, Alzheimer, dores em geral, distúrbios cognitivos, etc. Inclusive alguns hospitais já usam esse recurso durante procedimentos que geram estresse ao paciente, deixando-o mais tranquilo. E mesmo que ele nem perceba isso. E por quê? Cada tipo de música é capaz de estimular diversas áreas do nosso cérebro que, consequentemente, também é responsável por outros sintomas, como os de doenças.
E de que tipo de música estou falando? De todas! Sim, tem gente que pensa que isso funciona só com músicas clássicas. E a razão para isso decorre do fato de a maior parte dos estudos nessa área utilizarem esse tipo de música. Mas podemos nos beneficiar dos efeitos de todos os tipos de músicas. E ainda devemos levar em consideração as particularidades de cada um. Pois uma música que gera tranquilidade para um indivíduo pode irritar um outro e vice-versa. A terapia deve ser personalizada, considerando a história pessoal de cada um.
Outro aspecto que já é conhecido é o papel da música no desenvolvimento infantil, desde os primeiros meses de vida. O estímulo musical aumenta a capacidade de concentração, memória, raciocínio lógico, facilitando o processo de alfabetização e linguagem. Você já deve ter ouvido que crianças que ouvem música desde cedo tornam-se mais inteligentes, né? Além disso, o contato com ritmos diferentes favorece a coordenação motora, a socialização e segurança emocional.
E aí, está esperando o quê?! Som na caixa! Ou não! O silêncio também deve fazer parte da sua playlist. Às vezes precisamos dele, precisamos “ouvi-lo”. Afinal, “não existiria sons se não houvesse o silêncio…” (Lulu Santos).